História do Brasil e Empreendedorismo em debate na Antonio Meneghetti Faculdade

Empreendedorismo e contribuições sociais - só cresce quem se responsabiliza

Especialistas dizem que hoje os grandes empreendedores são também responsáveis socialmente

O mediador Roberto Cervo, de Faxinal do Soturno – ao abrir a mesa redonda sobre empreendedorismo, realizada no Recanto Maestro, na tarde do último domingo - ele próprio um empreendedor da região-, iniciou a apresentação dos integrantes da mesa dizendo que, “com iniciativas como esta, a Antonio Meneghetti Faculdade, embora recém criada, já marca um novo momento de desenvolvimento da região da Quarta Colônia”. Promover um evento sobre empreendedorismo e contribuições sociais em pleno domingo à tarde, e reunir um público de 400 interessados, além de dar sua contribuição social para o crescimento cultural da região, já significa também um exemplo de empreendimento de sucesso, diz o ex-presidente da AGERT, ao apresentar o palestrante e o três painelistas.

A fala principal foi de Jorge Caldeira, escritor, jornalista, doutor em Ciência Política, editor de economia da revista IstoÉ, editor executivo da revista Exame, editor da Ilustrada da Folha de São Paulo, integrante da Academia Paulista de Letras, autor de vários livros, entre eles, Viagem pela História do Brasil, A Nação Mercantilista, O Banqueiro do Sertão, etc. Caldeira inicialmente cumprimentou o público por dispor de uma tarde de domingo para pensar o País. Depois de voltar à base da formação econômica brasileira, através de uma leitura diferente a que estamos habituados, ele diz que viver é empreender. E que esta ideia hoje é nosso maior ativo, a vida como empreendimento, como projeto para chegarmos a uma situação melhor do que aquela que nos encontrávamos antes. Todos somos empreendedores, segundo ele. Uns mais, outros menos, têm a consciência disso. Mas, desde o papeleiro até o grande empresário, cada um do seu jeito, é um empreendedor. Pois a vida de cada um é o seu maior empreendimento. Mas nem sempre nos damos conta disso. Nesta relação, “o objetivo do Estado tem que ser o mesmo da sociedade. Soberano é o povo. O governo é apenas representante da sociedade. Cabe a nós, cidadãos, saber o que queremos e conduzir as coisas para o que queremos”, analisa o historiador Caldeira.

César Leite, o CEO do Grupo Processor, disse que não se trata de meia dúzia de empreendedores para os quais todos trabalham. Mas todos, em menor ou maior escala, são empreendedores no seu próprio trabalho, seja ele o mais humilde ou o mais elevado. Pois uma sociedade cresce através de cadeias produtivas. E além disso, a inveja não faz ninguém crescer. O que alavanca uma empresa ou um profissional é a sua maestria, a sua competência no que faz. “Terá lugar no futuro aquele que se antecipar e souber dar mais à sociedade”, disse ele. Constata também que o Brasil está num bom momento para empreender. “Já não somos o país do futuro. Já estão nos olhando como uma realidade, uma potencialidade hoje”. Leite lembra que é preciso saber lidar com a nova realidade da globalização e que, além disso, se trabalhamos apenas para nós, nosso projeto logo perde a razão de ser. O empreendedor, depois do sucesso do seu empreendimento, tem a necessidade natural, intuitiva, de querer envolver mais pessoas no seu projeto vencedor.  “Aquele que tem em abundância dá, e isto retorna infinitamente. Só cresce quem se responsabiliza socialmente. Os grandes empreendedores hoje no Brasil são também responsáveis socialmente”, diz o empresário César Leite. Ele fala que, no geral, os governos têm fome tributária, mas a sociedade tem que se  responsabilizar para, ao mesmo tempo,  responsabilizar os governos. “Temos problemas de infraestrutura, é verdade, mas, paralelamente, temos ainda milhares de oportunidades no Brasil. Cada problema é também uma oportunidade. O certo é que amanhã teremos que fazer mais do que hoje”, conclui.

Ricardo Santos Gomes, do Instituto de Estudos Empresariais do RS - IEE e vice-presidente do Instituto Liberdade, lembrou que “a nossa sociedade é aberta, boa e liberal. Não temos guetos sociais ou religiosos”. Temos apenas que vencer um desafio, o de tornar o Estado mais amigo dos empreendedores. O Estado não pode ser inimigo de quem quer investir. “Tanto que hoje 60 por cento das pessoas estão na informalidade, escondidas do governo por causa da legislação que é punitiva para quem produz, empreende e corre risco”, lembra Gomes.

Telmo Costa, do Grupo Meta, um dos principais grupos de tecnologia da informação do Brasil, e membro do conselho do Movimento Brasil Competitivo, salientou a importância da releitura histórica feita pela pesquisa de Caldeira. “Está sendo trazido a luz um Brasil empreendedor que não se conhece. Às vezes estamos pensando sobre um Brasil que não existiu. E é importante ter uma versão diferente desta história para que nos assentemos em bases claras de nosso passado”, lembra Telmo, que acrescenta: “Empreeender é estar vivo e gerar situações de vida, saber crescer, ser protagonista do seu momento”. Ele lembra que o empreendedor é aquele que se antecipa às demandas sem ficar esperando ajuda. Ele próprio faz realidade. “O sucesso de um empreendimento não tem mágica, é só trabalho,muito trabalho. Nada é de graça....”, diz Telmo Costa.

Dentro da idéia de unir cultura e lazer aos fins de semana, antes da realização da mesa redonda, houve a apresentação de danças do Grupo Jovem do CPF Piá do Sul, de Santa Maria. E para participar do evento bastava apenas levar um quilo de alimento. Segundo os organizadores, 400 quilos foram arrecadados e serão doados a entidades do município.

Matéria publicada no Jornal A Razão, de 18 de maio de 2010.

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